Ele é ídolo do Bahia e fez muitos nordestinos queimarem ingresso de jogo da Seleção
Ídolo histórico do Bahia, o atacante Charles já protagonizou uma situação bastante complicada, envolvendo a Seleção Brasileira, no final dos anos 80. Ao ficar de fora da lista final do técnico Sebastião Lazaroni, o lendário jogador do Esquadrão causou a revolta na torcida baiana.
Pouco tempo depois de ser campeão brasileiro pelo Bahia, Charles recebeu algumas chances com a camisa amarelinha e correspondeu. Após marcar dois gols em amistoso contra o Peru, os torcedores já viam como garantida a convocação do craque para a Copa América de 1989, que seria disputada no Brasil.
“Estreei na seleção contra o Peru, um amistoso em Fortaleza que fiz dois gols. Depois teve um jogo no Maracanã contra Portugal em que fiz mais um gol. Então teve uma excursão à Europa em que não tivemos bons resultados e isso fez com que alguns jogadores entrassem em baixa na seleção. Logo depois teve a convocação para a Copa América, a princípio eu não estava na relação. Foi num segundo momento, quando o Careca se machucou, que eu fui fazer parte do grupo”, disse Charles, em entrevista para o UOL Esportes.
Apesar disso, o jogador teve que ser cortado na reta final da preparação para o torneio. O regulamento da Copa América só permitia a inscrição de 20 jogadores. Sendo assim, Charles foi um dos escolhidos, o que gerou a revolta do torcedor baiano.
“Eu estava no grupo, mas só poderia ser inscrito se passássemos da primeira fase. Foi quando houve a revolta do torcedor baiano por saber que eu não poderia jogar em Salvador diante deles”, explicou.
Vale destacar que todos os jogos do Brasil na primeira fase estavam marcados para a Fonte Nova. A ausência do ídolo da região não caiu muito bem entre os torcedores. Por onde o elenco e o técnico Lazaroni passavam, eram alvos de xingamentos do povo baiano.
Na época, os dirigentes da CBF e até mesmo políticos da Bahia tentaram mudar a cabeça do técnico da Seleção, mas não tiveram sucesso.
“Quando houve o corte teve torcedor devolvendo ingresso, queimando ingresso, queimando bandeira. Fiquei feliz por um lado, mas por outro triste por ver tudo isso, como o Hino Nacional sendo vaiado, jogadores sendo vaiados, isso me deixou triste. Ninguém quer ver o Hino do seu país sendo vaiado, ninguém gosta de ver isso, eu não gostei. Acho que o protesto é válido, mas não daquela forma”, relembrou Charles.
Apesar do descontentamento com a ausência de Charles e o futebol burocrático, o Brasil conseguiu o título da competição, com vitória sobre o Uruguai na grande decisão, no Maracanã. Mesmo com a conquista, a Copa América de 1989 ficou marcada pela revolta do torcedor baiano no período em que a Seleção esteve por lá.