Osni, ídolo do Tricolor de Aço, relembra tetracampeonato do Bahia na década de 80
Paulo Leandro, grande jornalista do Correio 24h ouviu Osni, lendário jogador do Bahia, sobre a hegemonia que o Tricolor formou na década de 80.
Osni esteve no time que foi tetracampeão pelo Bahia entre 1981 e 1984 e construiu a base da geração super vitoriosa que terminou no título brasileiro de 1988.
Veja o relato do craque Osni
“Em 1980, o Bahia contratou o treinador Duque, responsável por afastar Douglas, Baiaco, Sapatão, Romero e Luiz Antônio, além de não renovar comigo, o resultado? Vitória campeão.
Em 1981, cinquentenário do Bahia, Maracajá trouxe Aimoré Moreira, eu voltei, o Bahia pegou a Catuense de Bobô, Vandick, Zanata e Gelson, perdíamos de 2×0, mas classificamos com empate, gols de Gilson e outro meu, após sofrer pênalti.
Antes do Ba-Vi final, eu alertei o massagista Alemão do fato de Aimoré nunca ter sido campeão estadual, mesmo bi mundial no Chile em 1962: Alemão fez Aimoré botar os pés numa banheira de água quente, com sal grosso e alho.
Ganhamos de virada, um gol meu, outro de Gilson, dois pontas baixinhos, invertendo a ordem do jogo da Catuense. Fonte Nova lotada, Vitória com Fumanchu, César e Aladim; Carlinhos Procópio e Marquinhos; e nós: eu, Dario e Gilson; Helinho e Leo.
O bi-1982 foi com Carlos Froner, o Bahia ficou 51 jogos invicto. Terminei operando, na decisão Bahia x Galícia, Robson fez o gol e foi me abraçar, eu de pé gessado. Duro era o Serrano, em Conquista, de ônibus, 10 horas pra chegar, o time dormia mal.
Tinha a Catuense, Antônio Pena armava grandes equipes, tinha Vandick, Bobô, Sandro, Guaraci, mas o Bahia ganhou tranquilo, assim foi também em 1983, com o treinador caseiro Florisvaldo, campeão brasileiro de 1959.
A final foi contra a Catuense, no primeiro jogo em Alagoinhas, fiz gol de cabeça e voltamos achando que íamos ser campeões na Fonte, mas tomamos 2×1. Na finalíssima, em Alagoinhas, quarta à tarde, o garçom Emo fez o gol do título, foi o herói.
1984 foi meu título mais marcante, situação financeira difícil, o time limitado, campo da Fonte Nova pesado, o preparador físico dava muito treino, e assumiu depois de Zé Duarte cair.
Leo Oliveira foi para o Paysandu e me indicou, mas eu caí na besteira de dizer a Maracajá: o time não é ruim, se eu fosse treinador, seria campeão com este time, ele não disse nada.
Reuniu-se com Orlando Aragão, Raimundo Deiró, e quando deu 11 e meia da noite, o telefone toca dizendo para me apresentar no dia seguinte, às 8 horas, como novo treinador do Bahia.
Perdi dinheiro, não fui para o Paysandu, aqui não tinha bicho, o salário atrasava, alimentação escassa, tive o apoio de Sapatão, treinador do juvenil, ao me ceder Miguel na lateral esquerda, o time tinha o meia Leandro, maravilhoso, e passei a dar só treino com bola.
Alemão, Jones e Pedrinho, os homens da massagem, recuperaram os jogadores, eu afastei quem não se cuidava, e na final goleamos o Leônico por 4×1, quando marquei meu último gol na Fonte Nova.
Antes de ir pro treino da tarde tinha de ir pro pai de santo de Jones e, na véspera dos jogos, à mãe de santo de Alemão, ela passava banhos de folha, os jogadores não podiam se enxugar, às vezes dava um cheirinho…
Fui tetracampeão como treinador, jogador e artilheiro! O único no mundo, mas me ofereceram valor pequeno para renovar e terminei indo jogar a segunda divisão no Leônico…”