Treinador taxou elenco do Bahia como limitado e revelou motivo pelo qual deixou o clube

Foto: Rafael Rodrigues e Catarina Brandão / Bahia EC

Renato Paiva, ex-treinador do Bahia, compartilhou suas experiências e desafios durante sua passagem pelo clube em uma recente entrevista ao Charla Podcast. Com contrato inicial de dois anos, ele optou por encerrar seu vínculo após nove meses, em um período que marcou o início do Grupo City na gestão do Bahia.

Paiva explicou que o ambiente complicado no estádio e dificuldades na comunicação com os jogadores foram determinantes para sua saída. Ele destacou que não foi uma manifestação isolada da torcida que o levou a tomar essa decisão, mas sim uma série de situações negativas que impactaram seu trabalho.

“Não foi o cartaz com orelhas de burro que me fez ir embora. É coincidente o cartaz no fim de semana em que eu pedi demissão. Mas foi o acumulado do ambiente no estádio; obviamente tem mais impacto um estádio inteiro insultando do que um cartaz. O ambiente não era bom e eu sentia que a minha mensagem estava com dificuldades de ser passada para os jogadores. Criávamos muitas oportunidades e não fazíamos gols e isso nos castigava em resultados”, iniciou o treinador.

Um dos pontos críticos abordados por Renato Paiva foi a interferência do Grupo City na preparação física, o que resultou em um aumento das lesões musculares dos jogadores. Segundo ele, essa intervenção prejudicou a autonomia da comissão técnica e impactou negativamente o rendimento da equipe em campo.

“Essas coisas, com funcionamento da área de performance do Grupo City, que teve na minha ótica, intervenção naquilo que era área física do meu trabalho, e eu gosto de ser avaliado pelo meu trabalho. E tivemos uma sucessão de lesões musculares, que, para nós, não nossa responsabilidade. As lesões impediam um elenco reduzido de jogar. Eu pedi uma reunião e senti que isso não iria mudar. A torcida acha que não, mas pelo respeito que tenho pela torcida eu vi que não era a solução e saí; tive essa honestidade e a torcida não percebeu. Eu quero que o Bahia ganhe; o Bahia faz parte da minha vida e do meu currículo; a torcida do Bahia é uma das torcidas da minha vida. São marcas que não dá para desligar. Como também não dá para desligar que o Paiva, o pior treinador da história do Bahia, segundo muitos, tem um título. O Baiano não interessa? Mas tinha três anos sem ganhar o Baiano”, continuou.

Treinador diz que elenco do Bahia era limitado

Durante sua passagem pelo clube, Paiva enfrentou o desafio de trabalhar com um elenco que considerava limitado. Ele ressaltou que, mesmo com essas restrições, conseguiu conquistar o Campeonato Baiano, após um jejum de três anos do clube nesse torneio.

“Agora com um elenco muito melhor, e eu tenho que dizer, eu gostaria de ter esse elenco, também não tenho porque eu quis sair. Não iriam me demitir, não é o perfil do Grupo City, e eles ficaram surpresos com meu pedido de demissão. (…) E eu gostaria muito de ter esse elenco. Mas com um elenco pior, bem mais limitado, gostem ou não gostem, tem um título nosso. Entramos para a história do Bahia com um título no museu. Depois, Copa do Brasil, com esse elenco limitado, chegamos às quartas de final, a melhor marca da história do clube com esse elenco. (…) Se não fosse limitado, não teriam contratado o que contrataram. Everton Ribeiro, Jean Lucas, Caio, Arias, Lucho… E agora mais. Se o elenco fosse bom não iriam contratar tudo isso. Não entrei no momento errado, entrei quando tinha que ser e fiz um trabalho difícil, mas que não foi do agrado de muita gente”, afirmou o treiandor.

O técnico destacou também que o clube realizou aproximadamente 25 contratações durante sua gestão, além de receber jovens promessas do Grupo City para desenvolvimento. No entanto, muitas dessas contratações foram, segundo ele, mal planejadas. Problemas como falta de tempo de treinamento para novos jogadores e lesões imprevistas contribuíram para um desempenho abaixo das expectativas.

Por fim, Renato Paiva considerou que elementos externos, aliados a decisões internas e desafios de planejamento, culminaram em um ambiente pouco propício para o sucesso contínuo.